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sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Avaliação de desempenho (ruim).

Não é novidade para ninguém que os governos tucanos que se sucedem no Estado de São Paulo há anos têm como uma de suas características principais o descaso total e absoluto com a educação.

As últimas pesquisas comprovam essa cruel realidade, ficou claro que São Paulo está deixando a desejar e sua média de rendimento escolar está muito abaixo de estados mais pobres como Pernambuco e Acre. É de se espantar que o estado mais importante economicamente do país seja de fato um dos piores em educação.


E para contribuir ainda mais para o lamaçal da educação paulista, as últimas medidas tomadas pelo governador e sua saudosa secretária de educação tem piorado essa situação. Trata-se principalmente da famosa “Avaliação de desempenho”, que pretende pagar os salários dos professores de acordo com seu suposto “desempenho” em sala de aula.


À primeira vista, quem vê o nome dessa lei acha que é uma coisa ótima. Com a fama de vagabundos e incapazes que os professores tem, qualquer um acharia bom pagar os seus salários de acordo com o seu desempenho. Mas a questão é que essa medida está longe de garantir isso e, pelo contrário, irá fatalmente gerar mais vagabundagem e descaso, aliás, já está gerando.


A idéia do governo é pagar os salários dos professores de acordo com o seu desempenho em sala de aula e o rendimento da escola. Para a avaliar o desempenho do professor, será analisada a quantidade de projetos pedagógicos desenvolvidos e também um questionário sobre a atuação do professor que será respondido pelos alunos. O professor que for bem avaliado pelos alunos nesse questionário manterá o seu salário, mas se acontecer o contrário e não for bem avaliado seu salário será reduzido! Acredito mesmo que os professores devem ser avaliados pois existem muitos incompetentes na ativa, mas jogar essa responsabilidade nas mãos dos alunos é mais do que um descaso, é um desrespeito! O resultado disso é que os alunos que não gostarem do professor terão agora a oportunidade de se organizarem e juntos dar um golpe em seu salário! É o cúmulo do absurdo! Imaginem só o que vai acontecer quando os alunos souberem disso!


O que me deixa mais preocupado é que, em todas as salas de aulas nas quais entrei, a maior parte dos alunos (não todos, mas a maioria) gosta mais dos professores que não trabalham, ou seja, dos que são “legais” e não passam lição, não exigem trabalhos. Portanto, para que os alunos avaliem positivamente o professor ele será obrigado financeiramente a ser “legal” dentro dos padrões adolescentes, ou seja, ser vagabundo e, acredito, agir dessa maneira leva a algo bem distante de ser um bom professor.


Para avaliar o desempenho da escola serão usados diversos critérios. Entre esses critérios está o número de faltas de todos os funcionários, a nota do SARESP (que é uma avaliação que os alunos de oitava série e terceiro ano do ensino médio fazem), a quantidade de água e luz gasta pelas escolas, quantidade de projetos interdisciplinares, entre outros. Um deles, talvez o principal, será o número de alunos reprovados, quanto mais alunos a escola reprova, menor será o salário de todos, desde o diretor até a merendeira.


Poderia estender o assunto e discutir especificamente cada uma dessas medidas - como por exemplo a que pretende vincular o salário do professor à frequencia de TODOS os funcionários da escola, o que certamente levará as pessoas a tomarem conta da vida uma das outras e criará um ambiente de trabalho insuportável - mas prefiro, por hora, me deter apenas nessa última medida que citei, a que trata da reprovação dos alunos.


Como todos sabem, vigora em nossas escolas um sistema de educação continuada onde o aluno não é avaliado de verdade, pois ele deve ser promovido continuadamente, para poupar gastos para o Estado e liberar vagas nas escolas. O aluno só pode ser retido em casos extremos, como absoluta falta de freqüência, e somente nos finais dos ciclos escolares, ou seja, na oitava série e terceiro ano do ensino médio. Contudo, com as novas medidas, o governo pretende eliminar até mesmo essas reprovações mínimas que acontecem nos finais de ciclos, pois também vai vincular o número de alunos reprovados pela escola ao salário do professor e diretor. Pasmem! Os diretores e professores que quiserem pagar suas contas em dia deverão aprovar todos os alunos, do contrário seu salário, que já é dos piores, será ainda mais reduzido!


Os resultados dessas medidas, que já estão vigorando, são claros. Eu, particularmente, pude observar na prática. No final do ano passado, durante o conselho de classe, aconteceram brigas e discussões tremendas entre professores e diretores onde, uns ressaltavam a necessidade de reprovar os alunos que não obtiveram o mínimo rendimento mesmo que isso custasse reduções no seu ganho, e outros que defendiam a necessidade de se ganhar dinheiro para sobreviver e por isso não podiam reprovar alunos. Chegaram a falar de problemas pessoais, como gastos com filhos, convênios médicos, etc, e com toda razão. Resultado: decidiram por não reprovar ninguém para poderem continuar vivendo e dar de comer as suas famílias.


Diante do exposto, pergunto: Que “avaliação de desempenho” é essa que o governo do Estado quer fazer? Como pode ser possível uma coisa dessas?


Até que ponto o governo chegou para poupar gastos e culpar os professores pelo fracasso escolar! Assusta-me muito o fato de não vermos nada sobre isso na mídia, nenhuma crítica, nenhum comentário. Tudo isso por conta do bendito nome das novas regras, “Avaliação de desempenho”. De fato a maioria dos brasileiros que só lêem o título das notícias nos jornais, ao verem uma lei com um nome desse acredita mesmo que o governo está pagando os salários de acordo com o merecimento de cada um, o que nem de longe corresponde com a realidade caótica das escolas do Estado de São Paulo.

3 comentários:

sejO! disse...

De forma diferente, o descaso com a educação não limita-se ao estado de São Paulo ou governo tucano.

O rendimento escolar, no país inteiro está péssimo, apresentando um índice alarmante de analfabeto funcionais.

Infelizmente, o governo Paulista está tropeçando nas próprias pernas, criando regras cada vez mais confusas e de piores resultados. Acompanho na prática, vivenciando com jovens suas dificuldades em interpretar ou calcular. Estão desinteressados e ainda por cima, os pais não fazem a cobrança nem dos educadores em suas instituições, nem do governo.

Resumindo, como no texto original, a mídia não enfatiza o assunto, os coronéis não querem “Cabeças pensantes”, os pais estão preoculpados com a novela e os jovens com Orkut.

Para mudar serão necessárias gerações. A que está ae, pouco será aproveitada, não têm e nem estão preoculpados com qualificação. A década de 80 foi a década do atrazo tecnológico. Agora estamos na era da desinformação.

Darth Magnus disse...

Realmente esta é uma daquelas medidas que pelo título parecem uma corrida pelo desenvolvimento socio-cultural, mas que em suas entrelinhas deixa claro que o governo realmente está pouco se importanto com o futuro.

Fica em aberta a questão de conhecer a verdadeira intenção com esta medida, podemos imaginar três: 1ª - o governo sabe que com esta medida irá economizar dinheiro; 2ª - que ele realmente quer que a educação piore cada vez mais; 3ª - talvez a pior - o governo acha que isso realmente vai funcionar na prática como deveria em teoria.

As diretrizes que permeiam as questões de assiduidade, a nota do SARESP, a quantidade de água e luz gasta pelas escolas, quantidade de projetos interdisciplinares, número de alunos reprovados, acho que são validos, mas cada qual para aqueles que realmente são responsáveis pela área. Um absurdo se o consumo de aguá e luz recair sod a responsabilidade de professores também! Sem mencionar assiduidade de funcionários!

Acho que medidas que realmente avaliem e estimulem o melhor ensino devem existir, mas não medidas de um mundo de faz de conta, que talvez se encaixem de forma perfeita numa escola lá dos "jardins" ou numa cidade do interior, mas que realmente não tem qualquer valor no restante do estado.

Acho que verdadeiramente o que veremos agora é a expansão de "professores Cotas" por todo o estado!

Anônimo disse...

A questão educacional é mais profunda do que se imagina. Os erros do sistema educacional começam na própria infra-estrutura física das escolas e terminam na elaboração do currículo.

Contra estas novas e estúpidas ações do governo estadual, a única coisa que talvez seja possível fazer é uma greve prolongada com protestos de rua para mostrar a indignação que os professores sentem por isso. Os professores têm que tomar as ruas, organizar assembléias de classe, protestar diante da câmara legislativa e, se possível, INVADI-LA!!!!

Contra tal situação, palavras não são o bastante!!!