Estava relutante em escrever algo sobre este tão controverso e polêmico caso que vem tomando quase que em sua totalidade as machetes da midia. Relutante por achar que o caso Isabella está desgastado, super-exposto e sem uma explicação definitiva ainda, mas não pude abrir mão de expressar o que penso a respeito de tal.
Em primeiro lugar, como já deixei a entender, acho que este caso está sofrendo de uma super-exposição na mídia, em todos os veículos. Em uma semana, das quatro principais revistas semanais de grande circulação em São Paulo, três tinham o caso na capa. Todas as vezes que ligo a televisão, o que não faço com tanta frequência, vejo somente as especulações sobre o caso e na internet e rádio não é diferente. Em segundo lugar, não vou me extender muito, pois acho que assim como eu, muitos não aguentam mais ouvir falar nisso.
Estava decidido a não escrever a respeito, pelo menos até quando não houvesse uma solução para o caso, pois ficar supondo e empurrando suposições como se tivessem algum valor, não é de meu interesse, no entanto, uma entrevista que tive a oportunidade de ouvir por uma rádio de notícias de grande audiência fez com que eu deixasse meu silencio e viesse a expôr o que penso.
Na entrevista, um psicólogo, “especializado em influência da mídia sobre a sociedade” explicava o porque de tanta “badalação” sobre o caso. No entender dele, as pessoas enxergam o caso com muita proximidade de suas realidades mundanas e as investigações e as sempre atualizações de reportagens passaram a ser como uma minissérie de tv, onde as pessoas têm suspense, amor, ódio, violência e expectativa. Sim... como numa destas séries globais.
Bem... não sei se sou anormal, mas enxergo neste caso uma tentativa (com êxito) de criar uma mobilização nacional em torno de um crime, para desta forma poder vender notícia e audiência. Sim, isso mesmo. Não vou especular sobre de quem é a autoria do crime e nem os motivos, pois não sou criminalista e nem tenho condições de assim fazer, pois nem a policia que o investiga pôde fazê-lo ainda.
Eu enxergo uma tentativa da mídia nacional fazer deste caso Isabella um caso de mesmas proporções do caso Madeleine e faturar com isso. Sinto pela família, por todas as famílias envolvidas, tanto da mãe da criança, quanto do pai e da madrasta, sem levar em conta de quem seja a culpa do crime, pois as famílias não são e nem serão as culpadas.
Reporteres passam dia e noite em frente as casas dos envolvidos, delegacias e foruns. Envolvidos não têm mais paz. Na derrubada da prisão temporária, nem o juíz quis se expôr a mídia, entregando a decisão dele a um funcionário fora do forúm, sem que a mídia podesse ter o deleite de questioná-lo pela decisão, esta, uma decisão técnica e que nada tem a ver com os rumos das investigações.
Sempre sou contra o tal “sigilo de investigação”. Toda vez que leio ou ouço que “a investigação segue sob sigilo” tenho um sentimento que existe uma tentativa de esconder os fatos, a verdade, no entanto, quando este caso foi posto sob sigilo, fiquei feliz, pois após apenas três dias da morte, eu já não aguentava mais ver ou ouvir do mesmo em todos os canais e sites. No entanto, parece que até nossa justiça, através de alguns de seus representantes, quer que este caso tenha esta mostra exagerada e fundamentada em fatos infundados e oficiosos. Pergunto-me se o mundo parou depois da morte de Isabella e se depois de solucionado este crime, se voltaremos a ter mais de uma manchete para ler.
Posso até estar sendo intransigente sobre isso, mas acho que tanta especulação e “achismo” não ajudam em nada e que estas atitudes, como diz o tal especialista à rádio, só vêem a tornar o caso uma minissérie televisiva, o que também muito me preocupa, pois espero que diferente do que ocorre na televisão, este caso não seja apenas o primeiro de vários, com nomes diferentes, mas que não mudam em nada seu conteudo e com o tempo acabam por perder seu valor e choque inicial à população.