Boas Vindas!

Você está no Congresso Nacional!
Um lugar onde se junta pessoas dos mais diversos estilos, etnias, gostos e opiniões e ficam aqui, sem qualquer tipo de receio, levando a banca suas palavras e considerações sobre os mais diversos assuntos.
Vamos apresentar nossas idéias, debatê-las ao fundo e, se alguma coisa for útil, agregar às nossas, se não, engavetá-las!

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Onde é que nós estamos?

Junto aqui duas manchetes, uma do "Valor Econômico", que compara os salários dos servidores estatutários e da iniciativa privada em 2008, e outra da Folha, sobre o rombo da previdência pública.

Resumindo, o servidor público estatutário ganha o dobro do salário do trabalhador da iniciativa privada e depois se aposenta ganhando múltiplas vezes mais, porque vai para a casa, viver mais uns 20, 30 anos, com o povo lhe pagando salário integral.

Sem contar que os trabalhadores privados podem ser demitidos a qualquer momento, sob pretexto de qualquer crise, mas os estatutários têm estabilidade no emprego, com crise, sem crise, faça chuva ou faça sol. Só saem se aprontarem daquelas da pesada.

Então, como ficamos? A média ( m é d i a ! ) das aposentadorias do serviço público é de R$ 5.355, e a da iniciativa privada é de R$ 707. A média de um é, repetindo, de R$ 5.355, e a máxima do outro, de R$ 3.219.

Isso sem falar nas médias ( m é d i a ! ) das aposentadorias do Judiciário, de R$ 15.107, e do Legislativo, de R$ 15.107.

Onde é que nós estamos?! Que país é este?!

É assustador, principalmente sabendo-se que chegamos a isso depois das reformas da Previdência de FHC e do início do governo Lula. Ou as reformas não serviram para nada, ou seria ainda bem pior sem elas.

Isso explica, com a transparência de lagos suíços, por que os engenheiros, arquitetos, jornalistas e físicos, entre tantos outros, saem das universidades direto para concursos públicos para virarem burocratas. A garotada só pensa nisso: concurso.

E é exatamente essa a alavanca da multiplicação das faculdades de Direito. Na verdade, muitas, senão a maioria, deveriam se chamar faculdades de... concurso.

Há um círculo vicioso, que só aumenta de ano para ano, com os empregos e os salários do setor privado incompatíveis com a garotada de nível superior e um avanço esfomeado por vagas nas várias esferas de governo. É um processo preocupante, porque em boa coisa, e em boa conta, não vai dar. E é a maioria que arca com essa "coisa" e paga essa conta.

Governantes vêm e vão, mas os problemas que eles criam, relevam ou aumentam, ficam. Um dia, a casa cai.

7 comentários:

Wagnelson da Silva disse...

De fato, é uma covardia fazer tal comparação. Confesso que sou um em meio a tatos que saem da universidade e vão correndo se increver em concursos públicas, em busca de estabilidade e é claro, "mordomia profissional".

Essa conversa é pouco falada em rodas de discussão e quando são tratadas, geralmente, rumam para o lado preconceituoso do "todo funcionário público não trabalha".

A bem da verdade eles trabalham, mas ganham muito para fazer o que fazem. Não só ganhando salários exorbitantes, ou melhor, fora dos padrões nacional, existem as vantagens, como por exemplo, a estabilidade, férias garantidas, pontes e feriados, recessos, plano de aposentadoria diferenciado, empréstimos financeiros a juros baixissimos, entre outras.

Essas vantagens não são encontradas no setor privado. Eles nem sonham com isso, talvez pensem em concursos, mas é difícil trabalhar 12 horas por dia, contando com o deslocamento até o trabalho, e conseguir se manter concentrado durante uma leitura técnica ou qualquer outra.

Muitos artigos que leio, tratam o assunto "vantagens do servidor público" como justiça do trabalhador, afirmando que o salário e as vantagens são dignas da função, apontando o setor privado com explorador.

Não encaro dessa forma, acredito que todo trabalho tem seu valor, e que as pessoas merecem ganhar de acordo com aquilo. No entando, não acredito que eternizar um trabalhador em determinada função, ou então, o que é igualmente ruim, contratar uma pessoa sem perfil para determinada função só porque ela fora bem colocada numa prova, seja uma coisa sensata.

Professores, funcionários públicos estatutários, se quer aparecem na escola, brigam pelo direito de poder faltar 30 dias durante o ano letivo sem prejuízos nos rendimentos. Promotores que pedem a condenação do réu apenas porque ele é réu. Juizes que, além de 60 dias de férias, dificilmente são encontrados nas varas.

Essas e tantas outras, que poderia passar o dia citando, são situações que presenciei durante minha longa vida de 27 anos. Quantos outros, mais velhos até, já se depararam com situações piores?

Para terminar, faço uma pergunta pertinente ao tema: Como o Brasil é o 9º maior PIB do mundo se o que mais vejo são pessoas passando necessidades financeiras? Pra onde e pra quem vai toda a riqueza do Brasil?

Att,
Wagnelson da Silva.

Alfredo de França disse...

Concordo e discordo sobre pontos do texto. De fato, alguns funcionários públicos vivem em situação melhor que os da iniciativa privada, principalmente os de empregos "pequenos ou médios", mas outros profissionais são muito melhor remunerados na iniciativa privada do que no funcionalismo público.

Não é raro encontrar trabalhadores de empresas médias ou grandes, autônomos e comerciantes que ganham salários acima de R$ 4.000,00/5.000,00 sem nem sequer ter feito curso superior ou estudado muito, enquanto que entre funcionários públicos (excluindo claro, os governantes) isso simplesmente NÃO EXISTE!

Vá em uma faculdade de medicina e perguntar quem quer se formar e ir trabalhar em hospital público, ninguém quer porque o setor privado paga muito melhor.

Pergunte para algum executivo, engenheiro ou profissional de área tecnológica de qualquer empresa média, que ganhe em torno de 5 ou 6 mil se ele quer ir ser funcionário público, dificilmente irá querer pq salários assim são raros para esses trabalhadores no serviço público, e por aí vai.

Isso sem contar que é muito mais fácil crescer profissionalmente na iniciativa privada, através de promoções e reconhecimento do trabalho do que no funcionalismo público, onde isso não existe. Exemplo: um agente administrativo qualquer (funcionário público) pode ser doutor em administração pela Harvard e ser perfeito no trabalho dele que mesmo assim não será promovido. Não existe promoção por merecimento, um funcionário público só cresce quando passa em outro concurso para um cargo superior. Enquanto que na iniciativa privada, qualquer um consegue subir com cursos, trabalhando bem e puxando o saco do chefe.

E além disso, os funcionários públicos estatutários estão se tornando raros, o setor agora contrata através da CLT (eu por exemplo, sou um) assim como os trabalhadores comuns. Vale lembrar também que os estatutários possuem previdência própria que é paga por eles (somente por eles, com o salário do hollerith deles) e que os mesmos pagam os mesmos impostos que qualquer brasileiro. Logo, quem paga a aposentadoria dos estatutários são eles mesmos, no decorrer da sua vida profissional, os outros brasileiros não pagam nada nisso.

E a idéia de que só os trabalhadores privados pagam os salários dos funcionários públicos é errada, pq os próprios funcionários públicos também pagam os mesmos impostos e portanto "também pagam", de certa forma, o próprio salário.

O setor público "paga bem" pq respeita os pisos salariais, as leis trabalhistas e demais convenções, é cobrado e fiscalizado diariamente por isso. Não é culpa do setor público se o setor privado está cheio de administradores picaretas e corruptos que contratam abaixo dos pisos salariais e demitem à vontade!

Devíamos torcer e cobrar das autoridades que o setor privado seja mais competente e humano, ao invés de torcer para que os funcionários públicos fiquem mais pobres!!!

Que absurdo!!!

Conselho: Não levem tão a sério tudo que os colunistas da folha (assim como quaisquer outros jornalistas) escrevem, eles são tão sujeitos a erros e preconceitos quanto qualquer um....

Alfredo de França disse...

E o rombo da previdência existe, em grande parte, pq os administradores corruptos da iniciativa privada não pagam o INSS (e demais impostos) como deveriam...

E não confundam agentes de governo (deputados, senadores, presidente, governadores, prefeitos, etc) com funcionários público comuns pq uma coisa é completamente diferente da outra...

E não vejo outra forma de tentar garantir que um juiz seja incorruptível senão pagando um salário alto para que recuse propinas...

Alfredo de França disse...

E a média de aposentadoria do INSS é baixa porque também inclui a aposentadoria de pessoas que nunca pagaram previdência (trabalhadores rurais, autônomos sonegadores, etc) que ao chegar aos 65 ou 60 anos se aposentam. Nada mais justo que essas pessoas ganharem muito menos do que os que pagaram previdência a vida inteira (caso de todos os funcionários públicos). Por isso a média do INSS é menor que a média dos estatutários, E TEM QUE SER MENOR MESMO...

E ao calcular a média de aposentadoria do Judiciário e Legislativo provavelmente levaram em consideração a aposentadoria dos ministros, senadores e deputados (agentes de governo), que são aposentadorias altas mas que NÃO TEM NADA A VER com a realidade dos funcionários públicos de carreira...

sejO! disse...

CLT x Concursado

Acho que assim fica melhor.
O concursado tem a estabilidade e a garantia de seus direitos e um rendimento melhor à seu favor.

O CLT tem a aposentadoria, por pior que seja, garantida na lei.

Salários melhores são encontrados, vamos dizer assim, no setor informal, profissionais autônomos que nem sempre recolhem a previdência oficial.

O texto fala de médias, de um setor e de outro, e por médias é mesmo assustador.

Vale lembrar que a cidade com maior renda per capita no país é a capital, Brasília, e claro, isso deve ao funcionalismo público.

Analisamos como uma grande pirâmide, que da metade para baixo temos CLT´s, e pra cima os públicos, no topo os mandatários públicos. Com raras exceções, temos alguns patrões do setor privado tirando mais de uma dezenas de milhares de salários.

A discussão iria muito além, em dividir os ganhos pelos dias (horas) trabalhados.

Por outro lado concordo que o setor privado pague mal e não respeite a lei. Agora entre na concorrência do setor privado, diferencie-se e pague melhor. De onde irá tirar a diferença? Por isso existem leis que garantam "um mínimo" para cada categoria. E nivelando por baixo (ou muitas vezes abaixo disso) é que a concorrência pega. Soma-se a isso uma multidão de famintos, sem casa, sem educação, sem saúde, que trocam suas horas diárias por qualquer rendimento (mínimo é luxo).

Estudar para se dar bem na vida não é mais um lema a seguir, passar em concurso é o que dá garantia de salários e aposentadoria (e não importa o valor).

http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u641621.shtml

Crazy Diamond disse...

Pois é, de forma geral concordo com o que foi dito por aqui e acho o artigo, sobretudo, relevante. Não tenho muito a acrescentar mais, e essa briga de setor público x privado rende conversa em qualquer canto do planeta.

Agora só uma observação ao Alfredo, em relação ao trecho do comentário dele que diz:

"Conselho: Não levem tão a sério tudo que os colunistas da folha (assim como quaisquer outros jornalistas) escrevem, eles são tão sujeitos a erros e preconceitos quanto qualquer um.... "

Acho um tanto irrelevante e confesso que me fez sentir um pouco mal. A maioria aqui já tem 30 anos ou até passou dessa idade, ninguém mais lê notícia/coluna/comentário acreditando que se trata da mais pura verdade. Entretanto, é válido levantar questões. E seja qual for o ponto de vista, a coluna da jornalista em questão levantou um ponto interessante sobre a diferença salarial entre setores privado e público.
Ninguém é dono da verdade, e tanto ela quanto você estão sujeitos a erros e preconceitos quanto qualquer um. Mas eu, provavelmente, não precisava te dizer isso, precisava? Pois é exatamente isso que eu quis dizer...

Alfredo de França disse...

Hey!

Realmente, fui um pouco infeliz nesse comentário. Peço desculpas, não tive a intenção de ofender ninguém...

Confesso que perdi um pouco as estribeiras, como sempre perco, ao ver textos que abordam o assunto dessa maneira.

Não me leve a mal!!

Sorry!
:)