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sábado, 14 de novembro de 2009

A importância da exploração espacial

(ou resposta ao post sobre "água na lua")


Em resposta ao post sobre a lua e alusão aos programas de exploração espacial, resolvi escrever esse artigo por considerar o espaço de comentário um pouco pequeno para tal e também porque essa resposta refere-se somente ao trecho em que se questiona os bilhões de dólares investidos em novas descobertas fora do planeta.

Primeiro, vamos colocar as coisas em perspectiva. Se voltarmos na história há um pouco mais de 500 anos e compararmos China e Portugal teremos uma interessante resolução para essa questão, embora eu aprofundarei de forma mais direta na sequência. No começo do século 15 a frota naval chinesa era dez vezes maior que a de Portugal ao final do mesmo século. Enquanto Colombo tinha 17 navios e 1500 homens na maior de suas expedições, Zheng He chegou a ter 317 navios e 27000 homens na primeira expedição que fez (outras 5 teriam sucedido esta). Porém após a década de 1430 o imperador Ming considerou outras prioridades, e foram os portugueses e europeus que lideraram a exploração e posterior descoberta do novo mundo. Enquanto europeus navagevam com entusiasmo e esperança, a China reforçava suas fronteiras, evitando encontros com o inesperado. Totalmente equipados com a tecnologia, inteligência e recursos, os chineses preferiam deixar a si mesmos para serem descobertos ao invés de descobrirem.
O julgamento do tempo foi que os chineses escolheram mal, e alguns chegam a inferir que as consequências da estagnação provocada pelo enclausuramento de sua sociedade dentro do território cercado pela Grande Muralha ainda são vistos hoje em dia. O que nos leva ao fato de que em tempos vindouros, historiadores estarão escrevendo e analisando nossas escolhas, tanto nossas propostas de exploração como quanto realmente nos empenhamos para tal.

Os que opõem os programas espaciais admitem que os governos gastam demais em outras áreas, mas que isso não justifica gastar tanto em pesquisa espacial. Primeiro, dinheiro gasto em pesquisa e desenvolvimento espacial não desaparece de uma hora para outra. É direcionado a criação e descoberta de novos conhecimentos, trabalhos, negócios e tecnologias, muitas das quais tem aplicação direta, e relevância, em outras atividades. Como, por exemplo, o programa para levar uma nova expedição a lua que requer, só para citar algumas coisas, geração de energia solar, tecnologia criogênica (resfriamento e armazenamento de gases) e interações humano-robóticas. Evidentemente que a pesquisa nestas áreas vão beneficiar nosso sistema de geração de energia, meio-ambiente, serviços médicos, entre outras coisas. Outro fator é que muito da tecnologia envolvida na iniciativa espacial está diretamente ligada aos programas de defesa militar - daí um interesse conjunto de exército e agência espacial.

Em relação a ciência, o retorno de tais investimentos é imensurável. O telescópio Hubble, literalmente, mudou nosso entendimento do universo. Imagine um telescópio na lua, livre tanto da radiação do Sol quanto da Terra. Existe o potencial de vermos ainda além no espaço, muito além do que qualquer outro mecanismo idealizado ou construído até hoje. A chegada do homem na lua per se trouxe muito mais conhecimento sobre a geologia do asteróide do que outras sondas robóticas teriam feito em décadas.

E por último, mas não menos importante, é o desejo inato do ser humano de aprender mais, de ver mais, e explorar o desconhecido. Enquanto isso certamente não seria colocado dentro das explicações requeridas para o investimento governamental na área, definitivamente tem um lugar importante em nossa sociedade. As possibilidades míticas e/ou poéticas que os programas espaciais iniciados no último século trouxeram possivelmente mudaram nossa sociedade de alguma forma - a simples visão da Terra flutuando na infinita escuridão é potente e traz questionamentos. A exploração espacial tem um propósito claro, expande nossos sentidos e compreensão, e certamente a concepção do "possível" e do "limite".

Dinheiro deve ser gasto em programas sociais e melhorias em nossos sistemas, e centenas de bilhões são gastos todos os anos. Entretanto um ponto que não pode ser ignorado são os potenciais e significativos avanços que podem ser alcançados e que beneficiariam toda a humanidade, de forma direta ou não. Em prol do nosso crescimento como individuos e sociedade, temos que aceitar certos riscos e olhar para o desconhecido, investigar o que não conhecemos e buscar a compreensão do que nos é, até o momento, pouco compreensível ou misterioso.

Os ganhos imediatos sempre tendem a ofuscar as possibilidades de futuros benefícios.

再见

4 comentários:

sejO! disse...

Pelo contrário ao que parece, sou entusiasta dos programas espaciais, que acompanho diariamente pela TV NASA. Sou absolutamente a favor dos investimento em pesquisas cientificas no fundo dos oceanos, em marte, no CERN.
Talvez mal interpretado (ou que tenha me explicado mal), indago a capacidade de descobrir além das fronteiras do nosso planeta paralelamente a não conseguir acabar com problemas comuns e antigos da humanidade.
O homem é um animal de extremos, bipolar, as vezes parecendo irracional. Estamos destruindo nosso habitat, nossos similares ao mesmo que procuramos por vidas e novos habitats fora do planeta.

"Os animais lutam, mas não fazem guerra. O homem é o único primata que planeja o extermínio dentro de sua própria espécie e o executa entusiasticamente e em grandes dimensões. A guerra é uma de suas invenções mais importantes; a capacidade de estabelecer acordos de paz é provavelmente uma conquista posterior." [Hans Magnus Enzensberger].

Não é investindo os bilhões da ciência na humanidade que daremos jeito, pelo contrário. Falta cientistas governando. Apenas parcela de bilhões que vão para programas sociais, saneamento, infra-estrutura chegam realmente a ser investido em tal.

A euforia que cientistas tratam o assunto água na lua ou os “landers” de marte não se repetem pelos políticos nas obras públicas, e por isso as conquistas científicas refletem conquistas maiores que as conquistas com a vida de pessoas.

Na estação espacial é fantástica a física e química para manter por meses astronautas, reciclando líquidos, gases, controlando a temperatura, protegendo-os de raios UV.

Na sexta-feira 13, um programa de TV mostrou as dificuldades e problemas que albinos (raros humanos sem pigmentação que protege a pele de raios UV) têm para viver. Muitos têm câncer de pele e estão condenados. Poucos, de famílias economicamente com mais sorte, podem adquirir protetores e roupas especiais. Viu a disparidade?

Longe de reverter o investimento em novas descobertas, precisamos cuidar do que é nosso. Porque não reciclamos as águas? Porque não aproveitamos os gases dos lixos? Porque nosso meio de transporte queima fósseis que sabemos que prejudica nossa saúde e nosso habitat e continuamos a produzi-los em larga escala?

É isso.

Crazy Diamond disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Crazy Diamond disse...

Dito tal como é, não tenho mais nada a dizer a não ser talvez minhas desculpas por tê-lo interpretado mal.

Sem dúvida, você levantou pontos interessantes. A respeito do tratamento da água, eu acho que países como Inglaterra e Israel tem programas fantásticos nesse sentido. Tanto que acredito que o Brasil copiou ou se inspirou no programa de abastecimento israelense para recentes investimentos nesse sentido no nordeste do país - se alguém souber mais disso, por favor esclareça.
A Europa se move muito rápido em direção a muitas das melhorias que você mencionou talvez porque os recursos no continente estão escassos, ao contrário de países como Rússia, China, EUA e Brasil onde recursos naturais ainda são abundantes.

Alfredo de França disse...

Penso que o maior desafio, e talvez o que faz com que muitos temam pelos avanços espaciais, é a descoberta de vida em outros planetas.

Particularmente, torço para que descubram vida extraterrestre o quanto antes, quem sabe assim uma parcela significativa da humanidade perceba que a teoria criacionista está errada e deixem de viver para ser cordeiro de um suposto Deus bíblico.

A conquista espacial faz os religiosos tremerem, assim como as pesquisas com células tronco, porque podem trazer à tona verdades que contrariam o modo de pensar do homem desde o início da era d. C.

Imaginem o Vaticano tentando explicar a vida fora da Terra... Tá aí uma coisa que eu quero viver o suficiente pra ver.

Quem sabe daqui a alguns séculos, depois de termos conquistado todo o sistema solar e encontrado vida fora da Terra, a bíblia não vire apenas um objeto de museu e sirva apenas para ilustrar o estágio evolutivo do homem primitivo antes de se entregar totalmente à razão.