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domingo, 19 de julho de 2009

A fé dos taxistas

LISBOA - Tempo estranho aqui em Lisboa. Calor, sim, com um toque de umidade tropical. Quem viaja do Rio para Portugal chega a Lisboa e até acredita que ainda está em Ipanema. Será isto o aquecimento global?

Os taxistas da cidade dizem que sim. Entramos no carro e eles transformam-se em pequenos Al Gores, dissertando furiosamente sobre as alterações climatéricas. "Antigamente, não era assim", dizem, com um tom de voz que prenuncia o Apocalipse. Antigamente, imagino eu, o clima era perfeito e uniforme. Como uma marcha militar.

Não vale a pena iludir: quando um taxista acredita no aquecimento global, o mundo caminho para a perdição. Esse, pelo menos, é o entendimento da cúpula do G8, que reuniu em Itália para, entre outras coisas, salvar a Humanidade. Julgava eu que salvar a Humanidade era cenário de Hollywood. Engano. Os líderes do G8 acordaram reduzir as emissões de CO2 em 80% e, mais ambicioso ainda, limitar o aquecimento global em 2º C. Tudo isso até 2050. Verdade que os países emergentes, como a Índia e a China, não parecem interessados em embarcar na fantasia. Mas será possível, apesar de tudo, reduzir mundialmente as emissões de CO2 para metade?

Antes de responder à pergunta, gostaria de formular outra. Uma pergunta mais básica e, no sentido próprio do termo, mais herética: o aquecimento global é para levar a sério?

A interrogação não é tolerada no mundo tolerante de hoje. Mas existem sinais de esperança e um deles vem na revista "Spectator" dessa semana, com artigo sobre Ian Plimer. Quem?

Professor de Geologia na Austrália, Plimer editou livro que as inquisições ecológicas desejam lançar nas fogueiras. Título: "Heaven and Earth: Global Warming The Missing Science". Tese: a ideia apocalíptica de que a atividade humana cria o aquecimento global vai contra a Física Solar, a Astronomia, a História, a Arqueologia e a Geologia. Ou, se preferirem, e ainda nas palavras do solitário Plimer, o "aquecimento global antropogénico" é a mais perigosa e ruinosa fraude da história.

Para Plimer, a contribuição humana para o aquecimento planetário é diminuta porque as variações climatéricas, analisadas sob a perspectiva macro da Geologia, sempre estiveram presentes nos milhares de milhões de anos da Terra. E muito antes dos seres humanos serem sequer uma possibilidade nos desígnios da criação.

Leio o artigo de Plimer enquanto o taxista dirige e disserta e, apesar do prazer na leitura iconoclasta, não encontro nele nada de particularmente novo. Peço desculpa pela imodéstia. Sim, não sou geólogo. Mas confesso que li alguma História e, ao contrário dos exércitos ecológicos, sempre tentei aprender alguma coisa com ela.

Segundo a ortodoxia do aquecimento global, o mundo aquece porque o homem pós-industrial contribui para esse aquecimento de forma irresponsável e crescente. O meu problema começa logo com esses dois adjetivos. "Irresponsável"? Duvidoso que a ação humana seja a principal responsável pela aquecimento planetário quando a palavra maior pertence à própria natureza, que emite quantidades incomparáveis de CO2 para a atmosfera.

Mas problemático é acreditar numa ação "crescente" do homem quando a história, remota ou recente, mostra variações climatéricas que estão longe de ser graduais e uniformes. Fato: o mundo aqueceu entre 1920 e 1940 (0,4º C). Fato: o mundo aqueceu a partir de 1975 e até aos inícios do presente século (0,5º). Mas o mundo também arrefeceu entre 1940 e 1975 (0,2º C). E, ao contrário do que diz o meu taxista, o mundo arrefeceu desde o início do século 21.

Tudo isso é história recente? Então olhemos para a história remota e pré-industrial. Lemos os documentos que o monaquismo ocidental foi legando para a posteridade e, a partir do século 11, encontramos um mundo medievo estranhamente quente e, talvez por isso, estranhamente produtivo. Exatamente o contrário dos séculos 17 e 18, quando uma pequena idade glacial permitia aos londrinos cruzar um rio Tamisa congelado.

Opinião pessoal? Sabemos pouco sobre os humores do clima. E é precisamente essa ignorância que permite decretar certezas com a arrogância própria dos fanáticos. Para Plimer, essas "certezas" não são mais do que expressões de fé num mundo sem religião. Ou, dito de outra forma, com o declínio do Cristianismo no Ocidente, os homens canalizaram os seus sentimentos fideístas para um "panteísmo" alarmante, vislumbrando no clima, e nas naturais variações dele, uma secularização das pragas bíblicas, prontas para punir os pecados da Humanidade.

Os pecados "capitalistas" da Humanidade, acrescento eu. Faz sentido. Se o marxismo não cumpriu a sua promessa "científica", os órfãos da ideologia esperam agora por um deus verde e vingativo para nos destruir e salvar.

http://www1.folha.uol.com.br/folha/pensata/joaopereiracoutinho/ult2707u593993.shtml

4 comentários:

Wagnelson da Silva disse...

Já ouvi duas pessoas da área dizendo que o aquecimento global independe do homem e que este fator diariamente publicado em todas as mídias é puro sensacionalismo.

Portanto, acredito que clima mudou, pelo menos aqui em São Paulo, mas não sei o que causa esta mudança e acho que as pessoas que são competentes para estudar esta mudança devem mergulhar de cabeça nestas questões.

sejO! disse...

O que posso afirmar:
Numa região como a de São Paulo (e provavelmente outros centros urbanos) a temperatura média é superior ás cidades vizinhas, uma boa explicação está no fato de ter muito concreto e asfalto, que absorve o calor, e ter pouca arborização que produz sombras e repele o calor. A emissão de poluentes fica "visível" no inverno, quando a menor circulação atmosférica retem uma bolha suja sobre a região. Pra quem já trabalhou ou circulou pela cidade nestes dias, sabe que uma camada de fuligem se forma sobre a pele e também vai para o pulmão. Estudam indicam que durante essa época os atendimentos por problemas respiratórios são maiores nos hospitais.
Bom, Isso evidencia que o homem sim, prejudica o meio em que vive.

Crazy Diamond disse...

Sim, Sejo, é claro que o homem influencia o ambiente em que está diretamente relacionado (a cidade, no caso). Mas o quanto isso afetaria as geleiras nos círculos polares ou causaria o "El Niño"?
A questão tenta ser num contexto maior, o homem intervém no clima do planeta??? São Paulo é realmente mais quente do que era antes ou é só uma sensação?
Não que eu acredite nesse texto e ainda assim diria que acho válido o homem explorar outras fontes de energia e tentar amenizar o quanto joga de CO2 na atmosfera...

Alfredo de França disse...

Realmente, é difícil avaliar quais são os reais impactos da poluição no clima.

Mais difícil ainda é tentar não suspeitar que essas teses tenham algum "patrocínio" ou "conotação política".

Pelo sim ou pelo não, a importância de reduzir a poluição do ar é inegável, e para justificá-la basta apenas a questão da saúde pública.

Certa vez aconteceu uma coisa curiosa em uma de minhas aulas. Me surpreendi com uma sala de Ensino Médio que nunca tinha visto uma geada, coisa que era tão comum na minha infância e que agora não existe mais. Sem dúvida, uma prova de que o clima anda esquentando nos últimos anos.