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quinta-feira, 17 de julho de 2008

Caso Daniel Dantas


Achei interessante postar essa matéria publicada no site CUNSULTOR JURÍDCO nesta quinta-feira 17.07.2008. Trata-se do caso Dantas, que há muito vem fritando a mente da sociedade com seu enlaço corrupto da política brasileira com empresários e agora, surgindo como figura decorativa, o "jornalismo crime".

Segue, também, o link da reportagem, que no rodapé disponibiliza o relatório apresentado pela delegado da PF Protógenes Queiroz.

por Claudio Julio Tognolli e Aline Pinheiro


Criticado e aplaudido com o mesmo entusiasmo, o relatório do delegado da Polícia Federal Protógenes Queiroz que deflagrou a Operação Satiagraha tem mais de 200 páginas de transcrições de escutas telefônicas, de e-mails e de análises, para mostrar como funcionam duas “complexas organizações criminosas” — uma seria chefiada pelo banqueiro Daniel Dantas e a outra, pelo investidor Naji Nahas.


O delegado — hoje afastado da operação para estudar, segundo a explicação oficial da Polícia Federal — começa o relatório dizendo que há indícios dos crimes de formação de quadrilha, evasão de divisas, lavagem de dinheiro e sonegação fiscal, tanto por parte do grupo de Dantas como de Nahas. No entanto, ele explica que, neste relatório (leia a íntegra no fim da notícia), se limita ao crime de gestão fraudulenta, que teria sido praticado pelo grupo de Dantas, e de lavagem de dinheiro, praticado pelo grupo de Nahas.


Na segunda-feira (14/7), a revista Consultor Jurídico divulgou um dos relatórios da PF sobre a Operação Satiagraha. Trata-se do “Relatório Parcial e Representação por Medidas Cautelares de Investigação”, assinado pela delegada Karina Murakami Souza. O relatório final da operação só será elaborado depois de feitas todas as buscas e prisões requeridas, ouvidas testemunhas e envolvidos. É nele que os acusados são indiciados. Este relatório que a ConJur divulga agora é responsável pela deflagração da operação.


Nele, Protógenes se preocupa em provar que Dantas era chefe do grupo Opportunity e que era ele quem decidia quais operações seriam feitas pelo grupo. Para o delegado, Dantas era o “alter ego” do grupo. Para provar isso, vale-se quase exclusivamente de transcrições de conversas gravadas e de e-mails apreendidos. Há várias transcrições, por exemplo, de diálogos travados entre Daniel Dantas e Verônica Dantas, irmã de Daniel e chamada de “braço direito” dele por Protógenes, quando Dantas estava em Nova York respondendo a processo movido pelo Citibank.


Em páginas com citações que vão de Dostoievski e Alexandre Dumas a ditados populares, o delegado transcreve trechos e mais trechos de conversas para tentar provar que “Daniel Dantas utiliza sua inteligência para praticar o mal” e que a organização criminosa deles era tão complexa “ao ponto até em determinados momentos eles próprios não ter (sic) conhecimento sobre a quantidade de empresas, o volume de recursos gerados por elas, nem tampouco a quantidade de investidores pessoas física e jurídica”. Nas palavras de Protógenes, Daniel Dantas é o “grande gênio fraudador”.


Sobre Naji Nahas, o delegado explica que ele atua tão debaixo dos panos que não foi encontrada nenhuma operação no mercado de ações no Brasil registrada no nome do investidor. Diz o relatório que Nahas “usa o nome ou empresa de terceiros, se utiliza de doleiros com fim de lavar os recursos auferidos ilicitamente”.


Jornalismo do crime

Para o delegado Protógenes Queiroz, as quadrilhas de Dantas e Nahas tinham também a participação de conhecidos jornalistas. Leonardo Attuch, da IstoÉ Dinheiro; Lauro Jardim, da Veja; Vera Brandimarte, do jornal Valor Econômico; Elvira Lobato e Guilherme Bastos, da Folha de S. Paulo; Paulo Andreoli e Thomas Traumann, da Época; entre outros, seriam alguns dos jornalistas que recebiam dinheiro para cuidar da imagem de Dantas e Nahas e das suas empresas nas reportagens.


O delegado não mostra, contudo, qualquer prova do envolvimento dos jornalistas com o grupo. As provas, para ele, seriam as reportagens escritas sobre os negócios de Daniel Dantas e o fato de jornalistas falarem com os dois personagens.


Ainda de acordo com o delegado, o jornalista Roberto D’Ávillla, da TV Brasil, recebeu R$ 50 mil por uma reportagem em favor dos acusados. Ao jornal Folha de S.Paulo, D’Ávila explicou que a remuneração se deve a trabalho feito pela sua empresa, a CDN, uma pesquisa de opinião sobre a imagem de Nahas na mídia.


Há referências, também, à jornalista da Folha Andréa Michael, que fez reportagem sobre a operação antes de ela acontecer e, por isso, teve sua prisão pedida pelo delegado, mas negada pela Justiça. Para Protógenes, Andréa é “integrante da organização criminosa, travestida de correspondente” da Folha em Brasília. Outro “jornalista colaborar dessa organização criminosa” seria o colunista da Veja Diogo Mainardi. O motivo é o mesmo: o colunista já escreveu sobre Dantas.


“O que estamos assistindo e desmascarando por meio do Judiciário Federal, com atenção auspiciosa do Ministério Público Federal, é repugnante sob o ponto de vista ético e moral do papel da imprensa”, diz o delegado.


No relatório, Protógenes Queiroz promete lutar para combater o que ele chama de mal. “Ante as ameaças de corsários saqueadores das riquezas do nosso país, deixo aqui registrado que o ‘amanuense’, que ora subscreve a presente peça, e por ‘cautela’ alerto aos incautos, seja de forma individual ou organizados criminosamente para tal finalidade, que estarei de prontidão comparado a um integrante das Brigadas dos Tigres, fazendo um acompanhamento detalhado do futuro Fundo Soberano e ao menor movimento de ações ilícitas destinadas a desvios de tais reservas cambiais ou fraudes com os papéis que o governo federal pretende lançar, começaremos desde já uma nova e complexa investigação, a fim de evitar o mal (sic) maior.”


Menos de um mês depois de assinar esse relatório, que tem a data de 23 de junho, o delegado Protógenes Queiroz deixou o comando da Operação Satiagraha. A explicação oficial é que ele foi participar de um curso obrigatório da Polícia Federal. Protógenes, no entanto, não ficou feliz em deixar o caso. Chegou a propor continuar instruindo o inquérito nos finais de semanas, mas a sugestão não foi aceita. Nesta quarta-feira (16/7), o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, defendeu a permanência de Protógenes na operação. Em entrevista coletiva, Lula disse que determinou ao ministro da Justiça, Tarso Genro, que acerte com a PF a volta do delegado.




3 comentários:

Darth Magnus disse...

Eu li a matéria e venho acompanhado pela internet e rádio a repercussão do caso e dos envolvidos.

É estranho que de um momento para outro, os maiores envolvidos na denúncia e apuração destes crimes comecem a sair de férias, fazer cursos e coisas do gênero.

Sei que na data de ontem (17/07) foi apresentado um video sobre a reunião em que o Protógenes pede sua licença para fazer o curso e, também no dia de ontem, o juiz responsável pelo pedido de prisão do Daniel Dantas - os dois pedidos - o qual não recordo o nome, entrará de férias de uma semana, segundo consta, tudo programado antecipadamente.

Esta denúncia apresentada aqui só vêm a aumentar a gravidade do caso. Sei que sem provas fica difícil de argumentar sobre o envolvimento da mídia no favorecimento dos envolvidos e participação na propriamente dita "quadrilha" que estes montaram, mas é algo que serve de alerta para àqueles que acham que todos os reporteres são imparciais.

Sei que os que realmente acham isso não lêem o que posto aqui, pois conheço a maioria dos que aqui postam e sei que os mesmos há muito sabem da parcialidade da mídia.

Mas é de se pensar o quanto já fomos enganados e "adestrados" a agirmos e pensarmos da forma que "alguns" querem que façamos e nem ao menos nos damos conta disso.

E mesmo quando achamos que estamos fazendo algo de bom, que realmente parece ter algum valor e peso no desenvolvimento e engrandecimento de nosso país, nação, ou até mesmo da humanidade em geral, será que realmente estamos fazendo isso porque queremos ou porque alguém quer e assim nos influencia?

Isso me faz relembrar do caso Collor e seu impeachment, onde "toda a juventude" foi às ruas com caras pintadas de preto e faixas contra o tal, mas até onde isso foi um sentimento real do povo e não a vontade daqueles que se incomodaram com as declarações do dito e seu jeito de pensar individualista, achando que poderia governar sozinho, sem ter que se submter aos "coronéis da política" e aqueles reais e sempre ocultos mandatários do Brasil?

Realmente dá para ficar paranóico pensando nisso...

Wagnelson da Silva disse...

É verdade. Estou desenganado com todas as instituições brasileiras, até mesmo as pessoas, que apresentam traços da sociedade humanamente poluida que nosso descaso alimenta.

Não acredito que essa investigação comine numa punição jurídica aos envolvidos, até porque desconheço qualquer caso que tenha apresentado uma decisão favorável no que tange À punição de "crimes do colarinho branco".

Antes, quando estouravam escândalos envolvendo políticos e empresários, as informações eram passadas com a esperança de que haveria de ter uma resposta democrática ao favorecimento ilícito. Que os envolvidos seriam punidos dentro dos "rigores da lei".

Hoje, estou tão acostumado com essas histórias que chegam a ser maçantes em vez de revoltantes.

Minha crença política foi aniquilada por informações desencontradas que são diarimente postas às nossas mesas.

Consumidores assíduos de informação que somos, comprometemos o nosso crescimento intelectual com bobagens repetitivas que mais fazem é preparar nossos corações e pouco enriquecem nosso saber crítico.

Para alguns sou um rebelde sem causa, a andorinha solitária que tenta fazer verão em pleno inverno.

Chato em demasia, estressado por natureza, "crítico de qualquer coisa", assim como o citado jornalista e colunista da revista Veja, Diogo Mainardi, que sempre se mostrou vendedor de peixe estragado, um filho da revolução.

Hoje, me considero o fruto pobre da àrvore envenenada, aquele que pouco faz para melhorar o pais em que vive. Herança da "Geração Coca-cola".

Infelizmente, Renato Russo errou ao dizer em sua música: "nossa história não estará pelo avesso assim sem final feliz, teremos coisas bonitas pra contar...", ao que parece, nossa história só tem a repetir tudo aquilo que os livros contam, e que os vassalos, proletários ou cidadãos, serão sempre explorados pelos donos do poder.

Wagnelson da Silva disse...

Resposta de Diogo Mainardi ao relatório apresentado pelo Delegado Protógenes Queiroz sobre a operação que investiga o banqueiro Daniel Dantas e o Grupo Opportunity.


O relatório da PF

O site Consultor Jurídico publicou o relatório da PF contra Daniel Dantas. Como um bom egomaníaco, ignorei todas as referências a Gilberto Carvalho, a Dilma Rousseff, a Luiz Eduardo Greenhalgh e fui imediatamente procurar meu nome. Onde eu estou? Onde? Onde?

Foi muito frustrante. A certa altura, na página 152, uns desconhecidos - Cristina Caetano, Camila Arruda, Eric Brenner - citam de passagem uma de minhas colunas sobre a Telecom Italia. A coluna trata especificamente de um documento da magistratura italiana, que eu disponibilizei na internet. Os empregados de Daniel Dantas decidiram descarregá-lo e traduzi-lo.

Por meses e meses, uns bananas repetiram sem parar uma mentira descabida: eu teria recebido esse documento de Daniel Dantas. Eu estava quase acreditando neles. Eu estava quase me entregando ao heróico delegado Protógenes Queirós. Eu estava quase me esquecendo de que, quando o documento chegou a mim, por meio de uma fonte judiciária, o Ministério Público paulista já o encaminhara oficialmente ao Procurador-Geral da República. Eu estava quase me esquecendo de que chequei a autenticidade do documento, por escrito, com a principal testemunha do inquérito, o diretor da Telecom Italia, Giuliano Tavaroli. O que se descobre agora, através dos grampos da PF, é que só o tonto do Daniel Dantas ainda não possuía uma cópia do documento. E teve de buscá-la na internet, como qualquer outro leitor.

Mais adiante, na página 157, Daniel Dantas menciona meu nome num telefonema, referindo-se àquela mesma coluna. Ele demonstra estar incomodado com o conteúdo do artigo. Ele teme o assunto Telecom Italia. É o que eu sempre digo: Daniel Dantas é de uma poltronice sem igual. O fato de querer manter distância do inquérito sobre a Telecom Italia, que envolve seu cupincha Naji Nahas, é revelador de seus métodos. Daniel Dantas pensa como os mascates do jornalismo: ele só se interessa por notícias que possam alavancar seus negócios.

Depois disso, nada mais. Meu único crime foi ser citado num clipping. A partir de agora, posso usar esses grampos nos processos contra os caluniadores que me associaram a Daniel Dantas. Continuo a mandar documentos sobre a Telecom Italia ao Ministério Público. Continuo a conferir sua autenticidade, antes de publicá-los. Continuo a torcer para que Daniel Dantas e Naji Nahas confessem quem eles corromperam na última década, e passem um bom tempo na cadeia. Mas basta ler o relatório da PF para saber que isso nunca vai acontecer.

http://veja.abril.com.br/idade/podcasts/mainardi/integra_150708.html