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terça-feira, 22 de junho de 2010

A copa de São Paulo.

Como pode a locomotiva do país não ter condições para sediar eventos internacionais?

Com a exclusão do Estádio Cícero Pompeu de Toledo, o estado mais rico do país pode não ter jogos na copa 2014. A estranheza dessa notícia levantou inúmeras polêmicas: favorecimento à um clube, que finalmente ganharia seu estádio, desavença entre o dono do estádio e a confederação de futebol, entre outras. Mas ninguém se atendou à alguns fatos e números: a reforma do estádio do Morumbi consumiria algo em torno de R$650 milhões! Um estádio novo, com 8 mil vagas de carros e 55 mil lugares (talvez não exatamente como a federação internacional queira) fica em torno de R$350 milhões. Fora esses números, tanto a capital paulista como o estado já soltaram nota recusando a gastar dinheiro público em estádios, dando prioridade a conclusão de obras do setor de transporte entre outras.
Pois bem, excluído o Morumbi, descartado “Piritubão” e o Corinthians negando construir um estádio para a copa, a opção do estado ter jogos é a “Arena Palestra”, o qual já sinalizou o estado ampliar a rede de transportes próximo ao estádio. Então teremos sim jogos da copa em São Paulo? Certifica o presidente da confederação nacional que sim.


O estado mais rico não têm estádio para uma competição internacional.

O estado de São Paulo produz 33% do PIB nacional e possui metade das riquezas, nele também se arrecada quase metade dos impostos federais, por volta de R$300 bilhões anuais, dos quais apenas R$20 bilhões retornam em investimentos. Essa discrepância de valores também indica uma outra desproporção, essa na câmara: o estado têm 70 deputados, número fixado na constituição, contra 8 dos menores estados. Um deputado de Roraima representa pouco mais de 50 mil habitantes (ou um estádio de São Paulo) contra quase 600 mil em São Paulo, no senado cada estado têm 3 senadores, 1 para cada 140 mil habitantes em Roraima, 1 para cada 18 milhões de habitantes em São Paulo.

O presidente já afirmou que não será possível o evento no país sem uso de dinheiro público em obras, o maior exemplo é o estádio “Nacional”, a ser construído em Brasília. Mas também teremos jogos no pantanal, em Cuiabá, e em Manaus, na floresta amazônica.

Em miúdos, enquanto São Paulo investe focado no desenvolvimento, outras localidades estão usando o dinheiro público na construção de elefantes brancos, de manutenção cara e que serão lançados a sorte após o evento.

O estado de São Paulo vai bancar mais uma vez obras sem muita justificativa, verdadeiramente fazer a festa de estados menores e menos ricos e ainda corremos o risco de sequer darmos uma pequena mordida no turismo.


As olimpíadas de São Paulo, em 2016 no Rio de Janeiro.

As olimpíadas fluminense é da mesma forma um evento absurdo num local ainda mais desgraçado pelo Brasil. Quer maior exemplo de divisão de recursos do país que no Rio? Logo atrás das milionárias coberturas de Copacabana você vê as favelas cariocas e toda a droga e exclusão.
Não são os Royalties do Petróleo, ou o turismo na “cidade maravilhosa” que vão bancar as obras para que a cidade possa receber os atletas de mais de 200 países. Essas obras, na maioria programadas pelo governo federal, consumirão um trocado que tiraria milhares da miséria em lugares flagelados do norte e nordeste. Isso sem falar na enorme mordida dos desvios de verbas públicas (prática essa comum em qualquer lugar do país).


Lembra as escolas de latas? Em São Paulo, vai virar terminal de aeroporto.

É na “copa do mundo” que vemos o quão amordaçados estão os brasileiros e, principalmente os paulistas. Ruas pintadas, camisas canarinho, comércio parado, sentimento de amor e ódio, esquecimento. Pagamos caro para ser brasileiros, para ver recursos que deveriam ser investidos em nosso estado construindo metrô em Caracas, vendo recursos que poderiam ser investidos para a conclusão do Aeroporto de Guarulhos bancando viagens de coronéis para assistir aos jogos na África.

A divisão justa dos recursos levaria a extinção estados e municípios que não produzem riquezas, tornando estes parte de outros e diminuindo a máquina pública. A melhor divisão de poderes traria vantagens a maioria absoluta da população, talvez minimizando o poder de coronelismo existentes nos estados menos populosos e quem sabe até diminuir o uso político e privado de recursos públicos.

Fontes de pesquisa: Wikipédia, Câmara do deputados, Senado Federal, Tribunal de Contas, Portal Transparência Brasil. Imagens podem ter direito autoral.

Um comentário:

Darth Magnus disse...

Concordo que a situação atual não é agradável a ninguém, principalmente aos paulistas que bancam grande parte do país. Necessitamos de uma reforma no setor de impostos, para que com isso, pudéssemos conhecer quais Estados e Municípios realmente tem a capacidade de se sustentar e acoplar os que não podem nos demais.

Sobre a Copa em São Paulo, creio que haverá sim, não na totalidade possível, com cerimônia de abertura, mas jamais excluiriam o Estado de ter jogos, pois como tudo, a questão política será avaliada, e deixar o maior eleitorado do país de fora da Copa é querer perder votos, muitos votos.

Se tivesse que apostar em estádios para sede paulista, optaria por dois: o Palestra Itália (sendo a casa da Itália), ou o especulado futuro estádio do Corinthians (fruto da aproximação e apóio de André Sanches à CBF).

Um dado importante sobre o valor da obra do Morumbi é que parte deste montante seria da iniciativa privada, e não dos cofres públicos. Fica mais provável ser uma desavença política entre a CBF e São Paulo que declarou abertamente ser contra o candidato da CBF à presidência do Clube dos 13 (candidatura apoiada pelo Corinthians) do que uma questão financeira.

Vergonhosamente tudo isso será discutido por quatro anos, ou seis no caso das olimpíadas, e depois será esquecido durante os eventos. Temos memórias curtas e parece que sempre nos contentamos com a política do "Pão e Circo", ou mais precisamente: da "Bolsa Família e da Copa"!