Já que os preconceituosos aceitam apenas isso como verdade, vamos lá. Contarei aqui como esse jogo arruinou minha vida.
O RPG arruinou meus estudos!
Antes eu estudava algumas horas por dia, para conseguir notas como 5 e 6 na escola. Assistia às aulas de má vontade, não encontrava motivações para permanecer estudando.
Depois que comecei a jogar RPG, percebi que seria mais fácil e divertido inventar histórias se tivesse conhecimento para tanto. Queria entender Política para escrever sobre tratados entre reinos, Biologia para imaginar monstros plausíveis, Geografia para traçar mapas, Inglês para ter acesso à jogos importantes. Queria saber História, Física, Matemática, Química, Literatura...
Passei à ler livros de historiadores e cientistas, me esforçando para aprender tudo. Queria estar ciente das coisas, por isso parei de estudar com o intuito de passar de ano e passei a estudar para me divertir. Li dezenas de livros para vestibular, que muitos jovens de hoje torcem o nariz, estudei com gosto, entendendo a serventia de todas as matérias.
Agora estudo para me divertir. Como resultado, passei nos melhores vestibulares do país nas primeiras posições, e hoje sou um dos melhores alunos de meu curso.
O RPG arruinou meus estudos. O jogo me fez pegar gosto por leitura e por aprender, algo inconcebível! Talvez eu devesse largar minhas altas notas e o jogo, para voltar às intermináveis horas de estudo sem vontade e notas medíocres. Meus pais ficariam orgulhosos.
O RPG criou-me um problema com álcool!
Antes de jogar RPG, divertia-me saindo com os amigos, bebendo até cair nas boates e recuperando o dinheiro de todas as festas em cerveja. Arriscava minha vida e de outros, dirigindo alcoolizado, e toda semana tinha um bafão. Ficava fora a noite toda, deixava meus pais aflitos por hora (ou dias), sem saber quando voltaria, e se eu estava bem.
Depois que comecei jogar RPG, passei a rejeitar o álcool. É impossível jogar sem estar com a mente limpa e ativa, uma vez que o jogo é um exercício de inteligência e imaginação. O jogo me ensinou ser possível se divertir e socializar sem estar sob efeito de nenhum tipo de droga, mesmo algo ‘inocente’ como o álcool.
O RPG criou-me um problema com o álcool. Agora não bebo e suponho que isso seja um problema para a indústria de bebidas. Um jovem consciente e inteligente não deveria ficar em casa, rolando dados com amigos, sem causar preocupações aos pais ou evitar dirigir alcoolizado, sem colocar em risco as vidas das pessoas.
Não! Ele deveria se embebedar e sair por aí cometendo barbaridades.
O RPG arruinou minha religião!
Antes de jogar RPG, eu odiava religião, blasfemava como um jovem revoltado. Achava um tédio mortal qualquer tipo de cerimônia religiosa, sequer tinha idéia do que era a Bíblia. Taxava como idiotas e ignorantes todos que acreditavam.
Depois que comecei a jogar RPG, me interessei por religião, pois meus personagens favoritos em jogos eram clérigos. Passei a perguntar sobre o assunto para pessoas entendidas, acabei me sentindo motivado a ler o Livro Sagrado, bem como assistir cerimônias religiosas para entender seu funcionamento. Nunca mais blasfemei, agora me sinto uma pessoa mais culta.
O RPG arruinou minha religião. Isto é, deve ser bem mais saudável rejeitar a fé alheia, hostilizar devotos e blasfemar contra aquilo que não se entende, em vez de procurar aprender, respeitar e até mesmo se interessar por seus credos. Obviamente, interesse por religião é algo profano - afinal, os Livros Sagrados estão repletos de citações à demônios, assim como muitos manuais de RPG! Não é possível, portanto, que tragam qualquer ensinamento santo!
O RPG me mostrou a violência!
Antes de jogar RPG, eu testemunhava todos tipos de violência na TV e cinema, e achava tudo bastante normal. Praticava maldades infantis com animais, brigava muito na escola, mesmo sem motivo. Às vezes discutia com as pessoas por nada, buscando pretexto para violência. Em baladas e estádios de futebol, era sempre o primeiro a começar um tumulto.
Depois que comecei a jogar RPG, passei a pensar mais nos fatos do dia a dia e conclui quão grave é a violência no mundo. O jogo me mostrou algo que a TV não conseguia - a diferença entre violência real e ficcional. Passei a fazer partes de movimentos pela paz. Hoje prefiro dialogar, mesmo que sendo ofendido e não compreendido, do que partir para a ignorância.
Não vejo muitos filmes de ação, por considerá-los pouco profundos em história, apenas pretexto para sangue e morte.
O RPG me mostrou a violência. Com certeza, em vez de apenas fingir matar orcs e dragões, eu deveria praticar violência real como fazem tantos outros jovens. Deveria ser influenciado pela mídia e quem sabe cometer algum crime? Ser pacifista e prezar pela vida é, com certeza, um defeito que este jogo me causou.
O RPG destruiu minha vida social!
Antes de jogar RPG, eu participava de festas e encontros em que as pessoas degradavam umas às outras, bêbadas e drogadas, encenando um eterno teatro de falsidade. Muitas vezes fazíamos coisas dignas de bandidos - sempre prontos à humilhar e hostilizar aqueles diferentes de nós. Preconceito era meu nome do meio.
Eu era aficionado por estar sempre na moda, beber mais que os outros, ter o melhor carro, ver todos os programas da TV, tirar notas baixas na escola, apostar rachas. O tipo de coisa que os jovens fazem em suas vidas sociais.
Depois que comecei a jogar RPG, passei a ver quão infantil e idiota era meu antigo comportamento - porque o jogo é povoado de seres diferentes da raça humana, como elfos, anões e goblins, podendo ser todos bons ou maus. Seus atos não sua aparência, dizem que você é.
Passei a encontrar-me com amigos mais saudáveis - não para beber e ficar, mas para conversar amigavelmente, aumentar meus horizontes, me sentir menos enganado. Passei a conhecer as pessoas pelo que elas realmente são, nunca mais fui levado por aparência ou preconceitos. Tenho uma vida social mais ativa e estável, tenho a amizade de pessoas que pensam como eu e não me desejam mal.
O RPG destruiu minha vida social. É indiscutível que as barbaridades sexistas das festas, o consumo pesado de drogas e a pronta capacidade de humilhar alguém é algo totalmente necessário para a formação de um indivíduo íntegro. Pessoas que preferem encontrar os amigos em cinemas, livrarias ou restaurantes - ao invés de boates, clubes e botecos - com certeza são a escória da sociedade.
Divertir-se lendo livros, onde já se viu? Jogar RPG contribui para tornar um adolescente revoltado em um adulto estudioso, esforçado, amistoso e aberto à novas idéias. É um jogo sobre grupos de amigos colaborando para realizar um grande objetivo, um jogo sobre heróis sacrificando-se pelo bem de outros. É sobre tolerância à outras raças e crenças. Sobre trabalho de equipe, confiança, amizade e justiça.
Obviamente, tudo isso é um grande problema. Como uma pessoa íntegra poderia ser útil no mundo de hoje?
Bem amigos, pela minha história de vida, que acredito ser semelhante à de muitos de vocês, eu acredito: se um jogo de RPG foi responsável por tudo isso, com certeza deveria ser proibido.
'Claro, a menos que você não entenda ironia...'
Assinado: Um RPGista (ou todos).
O RPG arruinou meus estudos!
Antes eu estudava algumas horas por dia, para conseguir notas como 5 e 6 na escola. Assistia às aulas de má vontade, não encontrava motivações para permanecer estudando.
Depois que comecei a jogar RPG, percebi que seria mais fácil e divertido inventar histórias se tivesse conhecimento para tanto. Queria entender Política para escrever sobre tratados entre reinos, Biologia para imaginar monstros plausíveis, Geografia para traçar mapas, Inglês para ter acesso à jogos importantes. Queria saber História, Física, Matemática, Química, Literatura...
Passei à ler livros de historiadores e cientistas, me esforçando para aprender tudo. Queria estar ciente das coisas, por isso parei de estudar com o intuito de passar de ano e passei a estudar para me divertir. Li dezenas de livros para vestibular, que muitos jovens de hoje torcem o nariz, estudei com gosto, entendendo a serventia de todas as matérias.
Agora estudo para me divertir. Como resultado, passei nos melhores vestibulares do país nas primeiras posições, e hoje sou um dos melhores alunos de meu curso.
O RPG arruinou meus estudos. O jogo me fez pegar gosto por leitura e por aprender, algo inconcebível! Talvez eu devesse largar minhas altas notas e o jogo, para voltar às intermináveis horas de estudo sem vontade e notas medíocres. Meus pais ficariam orgulhosos.
O RPG criou-me um problema com álcool!
Antes de jogar RPG, divertia-me saindo com os amigos, bebendo até cair nas boates e recuperando o dinheiro de todas as festas em cerveja. Arriscava minha vida e de outros, dirigindo alcoolizado, e toda semana tinha um bafão. Ficava fora a noite toda, deixava meus pais aflitos por hora (ou dias), sem saber quando voltaria, e se eu estava bem.
Depois que comecei jogar RPG, passei a rejeitar o álcool. É impossível jogar sem estar com a mente limpa e ativa, uma vez que o jogo é um exercício de inteligência e imaginação. O jogo me ensinou ser possível se divertir e socializar sem estar sob efeito de nenhum tipo de droga, mesmo algo ‘inocente’ como o álcool.
O RPG criou-me um problema com o álcool. Agora não bebo e suponho que isso seja um problema para a indústria de bebidas. Um jovem consciente e inteligente não deveria ficar em casa, rolando dados com amigos, sem causar preocupações aos pais ou evitar dirigir alcoolizado, sem colocar em risco as vidas das pessoas.
Não! Ele deveria se embebedar e sair por aí cometendo barbaridades.
O RPG arruinou minha religião!
Antes de jogar RPG, eu odiava religião, blasfemava como um jovem revoltado. Achava um tédio mortal qualquer tipo de cerimônia religiosa, sequer tinha idéia do que era a Bíblia. Taxava como idiotas e ignorantes todos que acreditavam.
Depois que comecei a jogar RPG, me interessei por religião, pois meus personagens favoritos em jogos eram clérigos. Passei a perguntar sobre o assunto para pessoas entendidas, acabei me sentindo motivado a ler o Livro Sagrado, bem como assistir cerimônias religiosas para entender seu funcionamento. Nunca mais blasfemei, agora me sinto uma pessoa mais culta.
O RPG arruinou minha religião. Isto é, deve ser bem mais saudável rejeitar a fé alheia, hostilizar devotos e blasfemar contra aquilo que não se entende, em vez de procurar aprender, respeitar e até mesmo se interessar por seus credos. Obviamente, interesse por religião é algo profano - afinal, os Livros Sagrados estão repletos de citações à demônios, assim como muitos manuais de RPG! Não é possível, portanto, que tragam qualquer ensinamento santo!
O RPG me mostrou a violência!
Antes de jogar RPG, eu testemunhava todos tipos de violência na TV e cinema, e achava tudo bastante normal. Praticava maldades infantis com animais, brigava muito na escola, mesmo sem motivo. Às vezes discutia com as pessoas por nada, buscando pretexto para violência. Em baladas e estádios de futebol, era sempre o primeiro a começar um tumulto.
Depois que comecei a jogar RPG, passei a pensar mais nos fatos do dia a dia e conclui quão grave é a violência no mundo. O jogo me mostrou algo que a TV não conseguia - a diferença entre violência real e ficcional. Passei a fazer partes de movimentos pela paz. Hoje prefiro dialogar, mesmo que sendo ofendido e não compreendido, do que partir para a ignorância.
Não vejo muitos filmes de ação, por considerá-los pouco profundos em história, apenas pretexto para sangue e morte.
O RPG me mostrou a violência. Com certeza, em vez de apenas fingir matar orcs e dragões, eu deveria praticar violência real como fazem tantos outros jovens. Deveria ser influenciado pela mídia e quem sabe cometer algum crime? Ser pacifista e prezar pela vida é, com certeza, um defeito que este jogo me causou.
O RPG destruiu minha vida social!
Antes de jogar RPG, eu participava de festas e encontros em que as pessoas degradavam umas às outras, bêbadas e drogadas, encenando um eterno teatro de falsidade. Muitas vezes fazíamos coisas dignas de bandidos - sempre prontos à humilhar e hostilizar aqueles diferentes de nós. Preconceito era meu nome do meio.
Eu era aficionado por estar sempre na moda, beber mais que os outros, ter o melhor carro, ver todos os programas da TV, tirar notas baixas na escola, apostar rachas. O tipo de coisa que os jovens fazem em suas vidas sociais.
Depois que comecei a jogar RPG, passei a ver quão infantil e idiota era meu antigo comportamento - porque o jogo é povoado de seres diferentes da raça humana, como elfos, anões e goblins, podendo ser todos bons ou maus. Seus atos não sua aparência, dizem que você é.
Passei a encontrar-me com amigos mais saudáveis - não para beber e ficar, mas para conversar amigavelmente, aumentar meus horizontes, me sentir menos enganado. Passei a conhecer as pessoas pelo que elas realmente são, nunca mais fui levado por aparência ou preconceitos. Tenho uma vida social mais ativa e estável, tenho a amizade de pessoas que pensam como eu e não me desejam mal.
O RPG destruiu minha vida social. É indiscutível que as barbaridades sexistas das festas, o consumo pesado de drogas e a pronta capacidade de humilhar alguém é algo totalmente necessário para a formação de um indivíduo íntegro. Pessoas que preferem encontrar os amigos em cinemas, livrarias ou restaurantes - ao invés de boates, clubes e botecos - com certeza são a escória da sociedade.
Divertir-se lendo livros, onde já se viu? Jogar RPG contribui para tornar um adolescente revoltado em um adulto estudioso, esforçado, amistoso e aberto à novas idéias. É um jogo sobre grupos de amigos colaborando para realizar um grande objetivo, um jogo sobre heróis sacrificando-se pelo bem de outros. É sobre tolerância à outras raças e crenças. Sobre trabalho de equipe, confiança, amizade e justiça.
Obviamente, tudo isso é um grande problema. Como uma pessoa íntegra poderia ser útil no mundo de hoje?
Bem amigos, pela minha história de vida, que acredito ser semelhante à de muitos de vocês, eu acredito: se um jogo de RPG foi responsável por tudo isso, com certeza deveria ser proibido.
'Claro, a menos que você não entenda ironia...'
Assinado: Um RPGista (ou todos).