
Em média, 40% de nossa renda bruta some em meio aos impostos. E a cada ano, este número absurdo vem crescendo. Para se der idéia, hoje, em 2008, o brasileiro trabalhou, em média, 148 dias somente para pagar os impostos. Sendo que na década de 90 eram em média 102 dias e na de 80, 77 dias. Ou seja, com uma expectativa de vida (ou seria de sobrevivência?) de 72 anos, nós brasileiros homens passaremos 33 anos destes trabalhando só para recolher estes tributos.
Para piorar a situação, segundo levantamentos do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), entre 1996 e 2003, a carga tributária sobre aqueles que recebem entre 10 e 15 salário mínimos aumentou 100%. Já para quem ganha acima de 30 salários, o aumento no mesmo período foi de 47%. Outro dado de muita relevância é o de que este ano, segundo apuração da ACSP (Associação Comercial de São Paulo), até o final do ano passaremos de 1 TRILHÃO de carga tributária recolhida pelo governo.
Números absurdos, mas não numa economia como a que estamos vivenciando nos dias de hoje. Cada dia rumamos mais para o consumismo e menos nos damos conta de que este dinheiro, este gigantesco montante de nossa vida, não está retornando em forma de benefícios à nós.
Nunca saí do Brasil para poder afirmar, mas acho que olhando a listagem abaixo, onde apresenta-se o país e a quantidade de dias trabalhados para se pagar somente impostos, o Brasil parece estar “um pouco” deslocado de sua realidade:
País -----Dias Trabalhados
Suécia -------- 185
França -------- 149
Brasil --------- 148
Espanha ------ 137
EUA ---------- 102
Argentina ----- 097
Chile -----------092
México -------- 091
E agora o que vemos é novamente o burburinho crescendo entre os governistas sobre a necessidade de criação de uma "nova CPMF" para bancar a emendar 29 da Saúde. Mais imposto? Este já recolhido não consegue pagar? Difícil acreditar...
Mas nesta história da "nova CPMF" um comentário do Lula realmente há de ser considerado: “Nenhum empresário reduziu o custo dos produtos que vende por conta da CPMF. Quem souber de um produto que caiu de preço porque os empresários retiraram do preço 0,38% [alíquota da CPMF], me avisa porque vai merecer um prêmio”.
Realmente. A oposição, os empresários e suas organizações de classe deveriam ter vergonha, pois tanto alardearam que o imposto encarecia os produtos e quando o mesmo foi extinto, só seus lucros aumentaram em 0,38%, nada de redução nos preços finais ao consumidor . Claro que sabíamos desde o início que nada iria mudar em nossos bolsos neste sentido, por isso eu sempre fui contra a extinção da CPMF, pois como vemos hoje, sua extinção só serviu de desculpa para falta de investimentos na saúde.
Eu me pergunto o que é pior: saber que estamos trabalhando até o dia de hoje só para pagarmos impostos que em sua grande parte não retornará em forma de benefícios a nós, ou saber que sempre que aparece alguém falando em diminuir carga tributária este está apenas advogando em causa própria?
Realmente é difícil saber. Acho que teremos que fazer como o folclórico Galvão Bueno e entendermos que existe um "mais pior" nesta história: nós e a nossa falta de cobrança de nossos direitos e benefícios.